Moda 1910 e o Feminismo
O post de hoje envolve história da moda de 1910 (final da Belle Époque) e o início das idéias feministas, ainda nesta década veja como os acontecimentos sociais influenciaram no modo de se vestir das mulheres e a evolução das vestimentas de 1880 até o início de 1920.
O conteúdo deste post foi retirado de um trabalho de conclusão de curso (TCC), logo contém citações (parágrafos retirados de outros sites).
Muitas outras manifestações ocorreram nos anos subsequentes, destacando-se a de 1908, quando 15 mil mulheres marcharam sobre a cidade de Nova York exigindo a redução de horário, melhores salários e direito ao voto. Por iniciativa do Partido Socialista da América, o primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 28 de fevereiro de 1909.
No ano seguinte, ocorreu a primeira conferência internacional de mulheres, em Copenhague (Dinamarca), dirigida pela Internacional Socialista – organização global de partidos social-democratas, socialistas e trabalhistas –, quando foi aprovada proposta da socialista alemã Clara Zetkin de instituição de um dia internacional da mulher, embora nenhuma data tivesse sido especificada. Em 1911, o Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 19 de março, por mais de um milhão de pessoas, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.
Na Constituinte de 1890, a discussão sobre o voto feminino foi intensa. O anteprojeto de Constituição, mandado elaborar pelo governo provisório, não concedia o sufrágio à mulher mas, na chamada Comissão dos 21, no Congresso, três deputados propuseram que ele fosse concedido “às mulheres diplomadas com títulos científicos e de professora, desde que não estivessem sob o poder marital nem paterno, bem como às que estivessem na posse de seus bens.” (Anais, v. I, p. 125. In: ROURE, Agenor de. op. cit., p. 277.)
Adversários do voto feminino declaram que, com ele, se teria decretada “a dissolução da família brasileira” (Moniz Freire. Anais. v. II, p. 233. In: ROURE, Agenor de, ob. cit. p. 233); que a mulher não possuía capacidade, pois não tinha, “no Estado, o mesmo valor que o homem”. E se indagava: “A mulher pode prestar o serviço militar, pode ser soldado ou marinheiro?” (Lacerda Coutinho. Anais. v. II, p. 285. In: ROURE, Agenor de. ob. cit., p. 283.) A proposta do voto feminino era “anárquica, desastrada, fatal” (SODRÉ, Lauro. Anais. v. II, p. 246. In: ROURE, Agenor de. ob. cit., p. 280).
Nessa época, existiam muitos modelos de espartilho à disposição, para todas as ocasiões. Além disso, a invenção das barbatanas em aço inoxidável acabou com a luta das mulheres contra a ferrugem. No final do século 19, os espartilhos eram tão apertados que as mulheres não conseguiam mais se abaixar, além de possuírem um sistema complicado de ligas e prendedores de meias.
Na Exposição do Trabalho de 1885, foram apresentados os seios artificiais, adaptáveis ao corpete, que podiam ser inflados.
Em 1900, outro modelo terrível, cheio de enfeites, possuía um mecanismo metálico que incomodava as virilhas, obrigando as mulheres a se curvar. Os seios, novamente, eram projetados para frente, o que caracterizava ainda mais a forma de S.
(Fonte: http://almanaque.folha.uol.com.br)
Manifestação pelo direito ao voto feminino |
O conteúdo deste post foi retirado de um trabalho de conclusão de curso (TCC), logo contém citações (parágrafos retirados de outros sites).
- Sociedade da época: Comportamento da Mulher
Mercado de trabalho
Apesar do casamento, marido e
filhos ainda serem o papel principal da mulher na sociedade da época, as
mulheres na década de 1900, estavam presentes no mercado de trabalho como
operárias por exemplo. Em 1908 nos EUA, uma manifestação reuniu 15 mil mulheres
operárias exigindo melhores condições de trabalho. O movimento feminino ainda
não tinha a força que teriam na década seguinte (anos vinte), assim mesmo a
mulher ia lutando por um espaço e papel diferenciado na sociedade.
No ano seguinte, ocorreu a primeira conferência internacional de mulheres, em Copenhague (Dinamarca), dirigida pela Internacional Socialista – organização global de partidos social-democratas, socialistas e trabalhistas –, quando foi aprovada proposta da socialista alemã Clara Zetkin de instituição de um dia internacional da mulher, embora nenhuma data tivesse sido especificada. Em 1911, o Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 19 de março, por mais de um milhão de pessoas, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.
(Fonte: http://www.multirio.rj.gov.br)
- Sufrágio Feminino
O comportamento do indivíduo e os
acontecimentos do meio em que vive interfere em sua forma de se vestir,
analisar os acontecimentos não apenas da década de 1910, porém também as idéias
que surgiram antes deste período e que durante este ganharam força ou foram se
desenvolvendo é fator fundamental para melhor entender a moda da época,
principalmente do final da Belle Époque.
Mulheres manifestando o direiro ao voto feminino |
O interesse das mulheres em
participar de assuntos políticos principalmente em ter direito ao voto, antecede
ao período de 1900, a Nova Zelândia (em 1893), foi o primeiro país a conceder
este as mulheres, em 1906, a Finlândia também concedeu as mulheres direito ao
voto.
No Brasil no final de 1800, este
assunto já era discutido, como demonstra o parágrafo abaixo:
Adversários do voto feminino declaram que, com ele, se teria decretada “a dissolução da família brasileira” (Moniz Freire. Anais. v. II, p. 233. In: ROURE, Agenor de, ob. cit. p. 233); que a mulher não possuía capacidade, pois não tinha, “no Estado, o mesmo valor que o homem”. E se indagava: “A mulher pode prestar o serviço militar, pode ser soldado ou marinheiro?” (Lacerda Coutinho. Anais. v. II, p. 285. In: ROURE, Agenor de. ob. cit., p. 283.) A proposta do voto feminino era “anárquica, desastrada, fatal” (SODRÉ, Lauro. Anais. v. II, p. 246. In: ROURE, Agenor de. ob. cit., p. 280).
(Fonte:
http://www.tse.jus.br)
Vale lembrar que naquela época as mulheres tinham um acesso limitado
a educação, uma vez que viviam voltadas para a família e atividades domésticas,
sendo visto como desnecessário para uma mulher ter muito estudo.
As ideias sufragistas continuaram no início da década de 1910,
abaixo uma foto de uma passeata feita por mulheres no início deste período, ou
seja, apesar do feminismo ter ganhado mais espaço e força na década vinte, os
anos anteriores a esta década demonstram a vontade da mulher em ter um espaço
maior na sociedade.
Mullheres em manifestação feminina |
- Um pouco sobre a moda que antecede a década de 1910
Armação nas saias
Durante a década de 1800 a anca
(armação usada por debaixo da saia, na parte traseira desta) estava presente no
vestuário feminino, antes dela no período que antecede a Belle Époque uso da
crinolina (outro tipo de armação) era presente nas roupas femininas, ou seja,
durante décadas as mulheres usavam algum tipo de armação nas saias.
Na imagem abaixo vemos a evolução
da anca pela década de 1870 (ano em que a Belle Époque teve início), na última
ilustração que corresponde ao ano de 1880 é possível ver ela um pouco mais
discreta, menor, esta cairia em desuso na década e 1900.
Analisando imagens (abaixo) de
edições diferentes da revista de moda da época De Graciuse , de anos diferentes é possível ver que em 1908 os
chapéus grandes e chamativos já começaram a surgir, mesmo ainda com as roupas
características do início da década de 1900.
Na outra imagem ao lado que remete aos
anos de 1909, já é possível ver traços da moda que ganharia força na década
seguinte. Comparando as duas imagens é possível ver a diferença de vestimenta e
a evolução que estaria por vir, no guarda roupa feminino.
A
presença do espartilho
A presença do espartilho, elemento presente
no vestuário feminino há séculos, continuo em uso nos anos que marcaram a Belle
Époque, sempre se transformando ao passar do tempo, assim mesmo este
acompanhava as mulheres ao passar dos séculos e até o início da década de 1900,
este continuou presente no guarda roupa feminino, tendo como principal objetivo
moldar as curvas femininas.
Nessa época, existiam muitos modelos de espartilho à disposição, para todas as ocasiões. Além disso, a invenção das barbatanas em aço inoxidável acabou com a luta das mulheres contra a ferrugem. No final do século 19, os espartilhos eram tão apertados que as mulheres não conseguiam mais se abaixar, além de possuírem um sistema complicado de ligas e prendedores de meias.
Na Exposição do Trabalho de 1885, foram apresentados os seios artificiais, adaptáveis ao corpete, que podiam ser inflados.
Em 1900, outro modelo terrível, cheio de enfeites, possuía um mecanismo metálico que incomodava as virilhas, obrigando as mulheres a se curvar. Os seios, novamente, eram projetados para frente, o que caracterizava ainda mais a forma de S.
(Fonte: http://almanaque.folha.uol.com.br)
Cintura em S |
A
moda no Início da década de 1910: Últimos anos da Belle
Époque
A moda descrita no tópico anterior seria descontruída, nos
anos finais do período Belle Époque, a mulher ganharia roupas femininas, porém
com tecidos mais leves, uma nova silhueta, um pouco mais de liberdade nas
vestimentas, o ballet russo da época
foi inspiração para o início dessa mudança, como é descrito no parágrafo
abaixo:
Em 1909, os
trajes usados pelo balé russo de Diaghilev, grande sucesso em Paris, inspiraram
estilistas como Paul Poiret, que revolucionou a moda, suprimindo a forma de S e
trazendo uma linha mais leve e natural.
Nessa época, as mulheres começaram a exigir
novos modelos, que correspondessem melhor aos seus anseios. Seu modo de vida
havia mudado e uma classe média de mulheres que trabalhavam começou a surgir,
além da popularização da prática de esportes.
Na imagem abaixo é possível ver a silhueta
feminina na década em questão até o ano de 1914 que marca o final da Belle
Époque, o espartilho ainda que presente não tinha mais o objetivo de moldar o
corpo em formato de S, ele cairia em desuso com a chegada de Primeira Guerra
Mundial, após esta a mulher não seria mais a mesma, seu papel na sociedade
ficou um pouco maior nos anos em que homens estiveram ausentes por conta da
Guerra.
A grande revolução da moda marcada pelo início da
década de 1910 eram vestimentas mais semelhantes as roupas do Oriente Médio,
com uma cintura reta, decote império (quadrado), os chapéus grandes companheiro
das mulheres, continuavam tendo seu papel agora maiores e mais suntuosos, a
roupas ficaram um pouco mais leves e menos opressoras. Um novo tipo de espartilho,
surgiu nesta década, este por sua vez de adaptava melhor as novas vestimentas
que estavam ganhando espaço.
Por mais que os figurinos do Ballet Russo, que serviram de inspiração para o estilista Paul
Poiret sejam apontados como principal fator para as roupas que surgiram no
final da Belle Époque, não se deve deixar de levar em consideração a
importância dos fatores sociais em que as mulheres estavam incluídas como a
presença delas mesmo que ainda de forma discreta e minoritária no mercado de
trabalho, o interesse delas pelo direito ao voto, a prática de esportes.
São
fatores que levam a mulher a precisar de roupas mais práticas, a querer ter um
pouco mais de liberdade e autonomia e tudo isso reflete na forma delas de se
vestir.
As
roupas do Oriente Médio, precisamente da peça de Ballet Sherazade, tinham essa praticidade e liberdade que a mulher do
Ocidente procurava. Abaixo uma ilustração da revista De Graciuse (1911), que representa a figura feminina no final da
Belle Époque.
Totalmente diferente daquela que existia em 1870
no início deste período ou até mesmo nos anos que antecederam a década e 1900. A
mulher que surge na década de 1910, continua inicialmente com a mesma figura na
sociedade: de um ser feminino, com extrema preocupação com a aparência e com as
regras de etiquetas da época, com um papel limitado na sociedade, tendo o
casamento como principal objetivo de vida. Assim mesmo com mais liberdade na
forma de se vestir, sem armações nas saias, sem ter a silhueta em S como padrão
de beleza.
Uma forma de ver isso é analisando fotos de
época, abaixo uma imagem de mulheres no ano de 1901 passeando.
Senhoras em 1901 |
A
seguir temos duas outras fotos, de senhoras nessa mesma situação, porém na
década de 1910 e 1920. É totalmente visível que há muito mais semelhanças na
vestimenta das imagens abaixo do que da anterior (de 1901), mesmo levando em
consideração que a foto abaixo tem uma diferença de tempo de 10 anos.
Mulheres em passeio em 1910 e ao lado dez anos depois |
Comparando as fotos é evidente a mudança da
vestimenta de uma década para a outra, com alguns elementos ainda semelhantes
como o corte reto dos vestidos, o uso de chapéus.
Nos anos vinte as saias já não são mais longas,
as meias ganharam um destaque maior na vestimenta, os chapéus continuaram a
existir, porém não mais tão grandes e suntuosos quanto antes. O direito ao voto
apresentado na década de 1910, virou uma das principais questões da década de
vinte, logo podemos concluir que há muito da mulher dos anos vinte na mulher do
início da década de 1910.
A idéia deste post não é fazer menção ao feminismo atual, que existe de uma forma diferente do mencionado aqui e sim mostrar que as idéias feministas e a moda andavam juntas e como estas influenciaram a forma das mulheres se vestirem.
A idéia deste post não é fazer menção ao feminismo atual, que existe de uma forma diferente do mencionado aqui e sim mostrar que as idéias feministas e a moda andavam juntas e como estas influenciaram a forma das mulheres se vestirem.
Lembrei daquela Sr.ª Banks do filme Mary Poppins.
ResponderExcluirSim, tem post no site sobre o filme Mary Poppins (nova versão) e também sobre Salvando Mr. Banks filme que conta a história da origem de Mary Poppins, confira em Figurinos.
ExcluirGosto como na foto de 1910 tem um bebê. É como se a mulher empurrando estivesse dizendo: "Eu sou mulher, eu sou mãe e posso sim ter participação politica".
ResponderExcluir