Figurino: Catarina | Cravo e a Rosa
E hoje iremos relembrar os looks da Catarina Batista (Adriana Esteves) em O Cravo e a Rosa clássico do Vale a pena ver de Novo, relembre conosco a moda anos 20 e curiosidades sobre esta história.
O corte de cabelo dela é conhecido como la garçonierre, o nome tem origem da palavra garçom que em francês significa rapaz. Lembrando que antes dos anos 20, apenas homens usavam cabelos extremamente curtos.
Outra semelhança que encontrei nas roupas de ambas são essas faixas coloridas, reparem a manga da roupa das duas personagens, esta ideia é aplicada no figurino de ambas de forma diferente.
Aliás caso você não conheça a novela, a cena do casamento (assista no Youtube) é uma excelente forma de você entender o humor pastelão de Walcyr Carrasco.
O Cravo e a Rosa (2000) foi inspirado no livro A Megera Domada de Shakespeare, escrito em 1593, uma das poucas histórias não trágicas (mais populares), do famoso escritor.
Na mesma época do lançamento da novela o filme adolescente Dez Coisas que eu odeio em Você (1999), também tendo este livro como referência foi lançado.
Na história original o dilema da personagem Bianca (irmã mais nova), de só poder se casar após a irmã mais velha existe. Porém a ideia de juntar Petruquio com a fera, foi da Dinora e na peça de Shakespeare esta é dos pretendentes da Bianca.
- A importância dos anos 20
A década de vinte ficou marcada pela ascensão do feminismo, as ideias deste movimento começaram em 1910, devido a luta pelo voto feminino.
Nos anos vinte este ganhou força e e essa aspiração das mulheres por mais liberdade e direitos, refletiu na moda da época.
Os cabelos longos e presos, deram lugar a madeixas curtas sem penteados, os chapéus suntuosos, foram substituídos por modelos menores, os espartilhos foram abandonados, com direito a saias mais curtas e roupas mais leves.
Nós falamos sobre o feminismo e a mudança da moda em um outro post (clique para ler).
- Feminismo na novela ?
Devido ao comportamento da protagonista, que teria uma personalidade muito forte, a novela foi retratada nesta década, relacionando Catarina (Adriana Esteves) ao movimento feminista.
Porém o feminismo da Catarina e suas amigas é questionável, uma vez que elas pregam uma vida sem homem, contra o casamento que ainda nos anos vinte, tinha um grande valor social.
Nos primeiros capítulos ela tenta afastar pretendentes a todo custo, sem ao menos conhecê-los com ajuda das amigas, não era isso que o verdadeiro movimento da época pregava.
O fato de Catarina ter aversão a cozinha, também não tem haver com os ideais da época.
Em uma cena da novela é mencionado ao espectador que Catarina ainda criança, escuta de sua mãe doente que ela não deveria se casar, pois o pai dela teria sido um péssimo marido, logo a mãe passa esse pensamento para a filha, causando uma espécie de trauma na protagonista, talvez. O que explicaria essa aversão dela a matrimônios.
Por mais que no começo da novela, ela participe de passeatas feministas, ao decorrer desta não vemos a protagonista interessada por assuntos como o voto feminino, trabalhar fora ou estudar, questões que as mulheres conquistariam nas décadas seguintes.
Figurino: Catarina Batista
Então assim como na história original, Catarina (Adriana Steves) e Bianca (Leandra Leal), tem personalidades bem diferentes e isso foi retratado na novela e refletiu também no figurino de ambas.
Bianca por ser descrita na peça de Shakespeare como uma moça boazinha, na trama é retratada sendo extremamente romântica, enquanto Catarina tem um figurino mais contemporâneo, com os braços a mostra e lenços de cabelo (marca registrada de seus looks).
A imagem abaixo representa bem esta diferença de personalidade e estilo.
Bianca e Catarina |
Inspiração na boneca Emília
No site Memória Globo é mencionado que os figurinos da Catarina, tiveram a Emília do sitio do Pica Pau Amarelo como referência, assim como a fera, a boneca de pano era desbocada e apresentava forte personalidade e também tinha um apelo cômico.
E até faz sentido a protagonista ter relação com a boneca Emília, afinal Catarina muitas vezes fala coisas e tem atitudes que apenas uma personagens fictícia teria (para a época em que ela viveu).
Acredito que as imagens abaixo, com figurinos mais coloridos tenham alguma referência entre as duas personagens.
E na história original é descrito que no dia do casamento Petruchio se atrasa e a noiva fica aos prantos com medo de não se casar, quando o noivo finalmente aparece, ele está vestindo roupas engraçadas e na novela no caso Petruchio (Du Moscovi) casa-se com roupas simples de roça.
Ainda na história original, uma semana antes do enlace, quando o casal se conheceu e o casamento é firmado, Katarine não é contra este, após a rapaz aceitar ela como esposa, o que daria a entender que ela também teria gostado dele.
A obra original de Shakespeare é uma comédia, geralmente as obras do Walcyr Carrasco abordam humor, no caso de o Cravo e a Rosa, podemos dizer que não há apenas um núcleo de cômico, a novela em si é engraçada em 80% dos casos, sem grandes dramas.
Anos mais tarde usando essa mesma linha de humor ele escreveu Chocolate com Pimenta (2003), aliás achei que os looks da Catarina (Adriana Esteves) seguem o mesmo estilo da Margot (Rosa Maria Murtinho), personagem desta segunda novela.
Em Chocolate com Pimenta, Margot era dona do Hotel e Restaurante da cidade.
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